2 de mai. de 2011

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1 de mai. de 2011

Entrega I - ANTEPROJETO

Quando nos deparamos com um projeto de habitação de interesse social, ou habitação popular, na verdade nos deparamos com uma gama de problemas que vão muito além da simples atividade projetual. Ansiar por projetar uma habitação popular requer estudos que vão além da arquitetura em si, necessitando de conhecimentos históricos, sociológicos, culturais, técnicos, entre muitos outros.
Primeiro, o que caracteriza uma habitação popular? Ela é definida apenas por ter no seu público alvo, a população de baixa renda? Será que o programa dela também não é definidor? Ou elas são definidas por serem programas governamentais em grande escala? Uma casa particular pequena, feita de modo econômico tendo assim um baixíssimo custo, pode ser considerada popular?
É para a solução destas perguntas que devemos analisar os exemplos que já foram aplicados no nosso país e no mundo, além dos exemplos que hoje existem. Analisando-os, encontramos os pontos em comum que são os definidores do termo Habitação de Interesse Social (HIS). As primeiras habitações populares surgiram no inicio do século XIX na Europa, graças ao crescimento populacional nas cidades britânicas em função da Revolução Industrial e os enclousures, que expulsavam os camponeses do campo, os enviando para as recém industrializadas cidades. Estas por sua vez, começaram a sofrer de déficit habitacional e sofrer com péssimas condições de vida, com isso, as próprias indústrias criavam apartamentos para os operários. Eram as vilas operárias, com um programa e projeto bastante simples.
Após isso, o termo habitação começou a surgir e ter um significado, pois as novas construções habitacionais tomavam contextos urbanos, necessitando a criação e construção de equipamentos para servi-las. No Brasil, o mesmo ocorria, e em resposta, surgiram os cortiços que englobavam o “dormir, comer e cozinhar” no mesmo ambiente, as vilas unifamiliares com o programa básico de quarto, sala, cozinha, quintal e um banheiro primitivo, além de vilas economizadoras com unidades para aluguel.
A Primeira e Segunda Grandes Guerras e depois, o Movimento Moderno, mudaram o cenário da habitação social no Brasil e no mundo. Surgiam propostas inovadoras de habitações, fossem no campo da construção ou no campo teórico, ambos aliados criando novas formas de morar e viver. No Brasil, o que antes vinha de capital privado, passa a ser patrocinado por capital governamental, iniciando os primeiros programas públicos de HIS. Com o passar do tempo, programas deixaram de existir, dando lugar a outros. Podemos citar o BNH que existiu e se findou na década de 80-90, e desde então, o pais ficou carente de um programa habitacional até o surgimento do atual Minha Casa Minha Vida que movimenta esse mercado de forma excepcional, mas com diversos pontos ainda a serem melhorados, além de não sabermos como será o exato impacto deste programa em anos futuros.
Além dos programas de habitação, a população também mudou com o tempo. Se antes o público alvo eram basicamente famílias nucleares, hoje a situação é bem diferente, graças ao surgimento e expansão de diversos grupos sociais. Os principais focos habitacionais atuais são as famílias nucleares em menor número de componentes do que antigamente, DINC’s (casais sem filhos, sejam esses homossexuais ou heterossexuais) e coabitações, duas ou mais pessoas dividindo a mesma residência, com ou sem laços afetivos ou legais.
Estes novos grupos criam necessidades novas e específicas do espaço residencial em questão de organização, divisão e tamanho.
Outras mudanças também surgiram no campo dos materiais. Novos materiais foram sendo estudados e criados, possibilitando construções mais rápidas, econômicas, leves e limpas. Porém eles ainda não são aplicados em grande escala no Brasil, por uma questão de desconhecimento ou até mesmo preconceito.
Com tudo isso em questão, conclui-se que o objetivo primário deste trabalho é criar uma habitação econômica, que aborde o uso de materiais novos e mais eficientes, solucionando as diversas problemáticas que advém do surgimento de novos grupos populacionais e que seja construída em larga escala, embora a primeira etapa do trabalho ainda não aborde a questão do território.

Mas como cumprir este objetivo? O que deve ser priorizado e modificado das atuais habitações construídas?
O primeiro passo foi a realização da Pesquisa de Pós-Ocupação (APO) em um conjunto habitacional da cidade de Uberlândia no bairro Jardim Holanda (Jardim das Palmeiras II). Com a análise dos resultados observamos que as unidades não são pensadas de uma forma que possam ser plenamente usadas. Há a falta de flexibilidade em qualquer escala.

Construção das unidades habitacionais

Veja bem, a flexibilidade construtiva é um conceito relativamente novo no Brasil, mas já difundido por todo o mundo. Ele pode ser aplicado em diversas etapas da construção, desde as fundações até os mobiliários, e permite a criação de espaços multifuncionais, que serão melhor utilizados pelos habitantes, oferecendo à eles melhores condições de moradia. Um quarto pode transformar-se em um espaçoso quarto de estudos se escolhermos um mobiliário adequado. Ou uma casa pode ser erguida em qualquer lugar caso a própria fundação seja também flexível. Mas assim como o conceito é novo no país, sua aceitação é difícil, pois o Brasil possui uma cultura habitacional diferente da de outros países, e devemos também analisa-la e observar como podemos aliar a cultura com as novas tecnologias e conceitos.

Unidade Habitacional

Conversando com os moradores da APO, vemos que os projetos atuais pecam na dimensão de salas e cozinhas. A solução seria unir estes dois ambientes, mas mantendo uma leve separação entre eles e quartos/banheiros. A flexibilidade viria da integração destes ambientes aliadas com um mobiliário diferenciado; também estaria nos fechamentos e estruturas.
Planta da unidade habitacional
Os ambientes seriam aliados via a criação de um sistema modular, nos quais seriam “encaixados, montados” de acordo com o programa da unidade, pensada de forma exclusiva para cada grupo populacional, suprindo assim suas necessidades.
Com tais premissas definidas, iniciamos a parte de desenho em si. O primeiro passo é pensar nos módulos que irão compor o sistema, e eles são basicamente: quarto, banheiro, cozinha, sala e área de serviço.
O quarto é um espaço 3x3m, e o mobiliário pensado são camas escamoteáveis, sejam solteiras, beliches ou de casal, juntamente com um módulo de 3x0,60m para estocagem. Com isso, diferentes layouts de quarto podem ser criados.
Módulo do quarto
Cama de Solteiro
Beliche

Camas Escamoteáveis





Já os banheiros possuem duas propostas, uma versão menor com 1,8x1,8m de uso mais exclusivo, e uma maior com 1,8x2,8m pensado de forma compartimentada para usos simultâneos. A cozinha é um mobiliário com 3x0,70m com bancadas, armários, espaço para fogão e geladeira, paralela a um módulo de estocagem com 3x0,60m. A área de serviço é próxima a cozinha, na área externa da casa.








Por fim, a sala busca abrigar uma mesa dobrável para as refeições, espaço para sofá e móvel com TV. O tamanho dela foi feito variável, para abrigar diferentes tipos de uso dependendo do tipo populacional escolhido para a tipologia.


 
A próxima etapa foi a definição dos materiais. O objetivo era encontrar materiais leves, resistentes, de rápida montagem, econômicos e que não produzissem muito lixo. 
Os escolhidos foram:
-       Estrutura em Light Steel Framing


-       Fechamento em Placa Cimentícia. Placas de 1,2m ou cortadas em 60 e 30cm com altura de 3m. Paredes de 11cm de espessura (1,2cm de cada placa e 9cm do montante) para fechamentos gerais e 16cm de espessura (1,2cm de cada placa e 14cm do montante) para paredes hidráulicas. 


-       Fechamentos em partes de áreas molhadas em Polietileno de Alta Densidade. As chapas possuem 2cm de espessura e até 3m de altura, com 1m de largura.

-       Telhas ECOTOP (tubo de pasta de dente reciclado)


-       Piso de cimento queimado





OS GRUPOS ABORDADOS
O grupo DINC é basicamente um casal sem filhos com amparo legal, seja este casamento ou união estável, pois não configuram apenas casais heterossexuais, mas também homssexuais. DINC's costumam ter uma renda maior (pois não gastam com filhos) e também maior escolaridade. São de idades variadas, podendo ser jovens, de meia idade e idosos (ou por não terem tido filhos ou estes já não moram mais com os pais). A partir do momento que um casal DINC passa a cuidar de uma criança, seja esta adotada ou de qualquer tipo, o casal já não pertence mais à este grupo.
Para a definição de espaços para os DINC's não há muito segredo: normalmente um quarto, sala, banheiro, cozinha e área de serviço. É interessante que a sala consiga abrigar área de estar, comer, lazer, e se possível, algo como um escritório. Para eles um quarto a mais é usado como escritório ou um adendo da sala.

Em certos casos a coabitação pode ser confundida com um DINC: duas pessoas vivendo juntas mas ainda não amparadas legalmente, como um casal de namorados ou noivos. Mas a coabitação também engloba casos como individuos diversos sem quaisquer laços além de amizade dividindo a mesma residência por diversos fatores. Para este grupo é interessante a presença de mais de um quarto, mas o resto se mantém igual a de um DINC.


Uma família nuclear é composta basicamente do casal/mãe ou pai solteiros, com a presença de filhos (adotados ou não).  É dificil criar um padrão dos indivíduos que a compõem atualmente, assim como o número destes. Mas analisando a média nacional, um casal heterossexual possui entre 1 ou 2 crianças, enquanto casais homossexuais costumam criar uma criança quando o fazem, pois enfrentam diversas dificuldades para conseguirem tal criança (maior parte das vezes por adoção). 
Mas por mais que exista essa variação, o importante é a sistematização deste no espaço. Uma familia nuclear deve contar com 2 ou mais quartos, e se possivel mais de um banheiro. O resto se mantém semelhante aos outros grupos


Com tudo isso em questão, criei 5 tipologias habitacionais:

TIPOLOGIA A
Proposta com 36m², pensada para uma pessoa que vive sozinha. É o modelo mais básico, possuindo quarto, sala com espaço para um sofá de 2 lugares, móvel para TV e estocagem, cozinha diferenciada (menor) com área de serviço, o menor módulo de banheiro e uma mesa dobrável.
Como em todas as outras propostas, o banheiro, área de serviço e cozinha buscam ser o mais próximo possiveis e organizados de forma que existam poucas paredes hidráulicas. As fundações são parte elevadas, para permitir a aplicação do modelo em qualquer tipo de terreno. 
O telhado em duas águas possui aberturas para a saída do ar quente da casa, no encontro das águas e nas laterais, por meio de placas metálicas perfuradas alternadas com a estrutura deste. Estas placas também se encontram na laje de cobertura, para permitir que o ar quente passe pela laje e saia pelas aberturas do telhado. Tais detalhes também se repetem nas outras tipologias




 TIPOLOGIA B

 Com 44m² foi pensada para um casal sem filhos (DINC). O diferencial desta para o tipo A foi o aumento da sala, permitindo a existência de mais uma mesa e armário, para ser usado como escritório pelos moradores (mesa para computador, mesa de estudos, etc). A cozinha também se torna maior.

TIPOLOGIA C
Proposta com 60m², pensada para coabitação ou familia nuclear. Possui dois quartos, sala com espaço para sofá com até 3 lugares, mesa dobrável para 4 pessoas, mesa fixa para computador ou estudos, banheiro compartimentado e cozinha.

TIPOLOGIA D

 Possui 89m² e é a proposta com dois pavimentos. Essencialmente para uma família nuclear.
No primeiro pavimentos temos a sala, com sofá até 3 lugares e móvel de TV e estocagem abaixo da escada, para aproveitar seu espaço. Mesa dobrável para até 3 lugares, a menor versão do banheiro, um quarto e a cozinha. No segundo pavimento temos espaço para dois quartos, um banheiro compartimentado que se utiliza da parede hidráulica da cozinha e uma pequena sala de estudos.

TIPOLOGIA E
 Com 80m², é a versão térrea da tipologia D, possuindo 3 quartos, banheiro compartimentado, cozinha e sala com layout muito próximo da tipologia C.


PERSPECTIVAS E VOLUMETRIA DA TIPOLOGIA A
As demais propostas seguem o mesmo esquema

Elevação

Elevação

Elevação

Elevação

Cobertura

Perspectiva

Vista Interna

Vista Interna

Vista interna