21 de mar. de 2011

Avaliação de Pós Ocupação - Resultados



Para a realização do questionário sobre a avaliação pós-ocupação foi escolhido um conjunto habitacional do bairro Jardim Holanda em Uberlândia construído no final de 2008 e início de 2009. A partir de análises do local, das casas e dos próprios moradores podemos identificar diversas características da população da região.




Planta de Localização do Conjunto na cidade - Fonte: http://maps.google.com.br/ (foto original)

O primeiro ponto de destaque foi observado quando percorremos o bairro. A ocupação dele gira em torno dos 2,5 a 3 anos, e hoje, praticamente todas as casas estão muradas e/ou sofreram modificações de ampliação. Poucas não tem muros, e nas que ainda não foram modificadas, é possível encontrar pilhas de tijolos, mostrando que os moradores já estão adquirindo meios de possibilitar a expansão desta.



Fotos da Construção do Conjunto Habitacional Jardim das Palmeiras. Fonte:
http://www.uberlandia.mg.gov.br/noticia.php?id=194




















As residências possuem 53,00m² distribuídos em três quartos, corredor, banheiro, sala, cozinha e área de serviço. Dentro do terreno, elas estão parcialmente centralizadas, configurando um espaço com afastamentos laterais que possibilatam a ampliação das mesmas. A população, embora esteja insatisfeita com alguns aspectos da residência, está satisfeita no geral. As reclamações são pontuais e para eles, passíveis de serem contornadas com o tempo.


Planta tipo das Residências



Planta de situação no terreno
Um ponto curioso na região, era o agrupamento de diversas residências, não muradas, mas com um muro passando por todas elas, juntamente com uma portaria. Diversos “condomínios fechados” foram criados na região, porém não houve a chance de entrevistar os moradores destas residências para descobrir suas motivações.

Outro fato também curioso é que as casas, como eram muradas, tinham interfones. Porém em muitas destas, o interfone ainda não estava instalado, dificultando o contato destas com o exterior. Algumas casas nem possuíam portão para “pedestres”, tendo apenas o portão de automóvel, também sem interruptor ou campainha.


QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO
Com relação aos questionários aplicados pelo grupo, podemos estabelecer algumas observações e conclusões:

- Questionário respondido em maior quantidade por mulheres;

- Faixa etária média: 26 a 35 anos;

- Todos os entrevistados são naturais de Minas Gerais;

- Grau de escolaridade médio: ensino médio completo;

- Em todos os casos a habitação era própria;

- A tipologia familiar, em grande parte, era nuclear;


- Salário médio dos moradores: Entre R$ 1.201,00 e R$ 1.920,00














- Em nenhuma das residências trabalham empregadas ou diaristas;

- Em média, todos os moradores têm equipamentos;

- O lugar que os moradores mais gostam de ficar sozinho é o quarto;

- O grau de satisfação é geralmente bom, com resalva para ruídos, acabamentos, isolamentos distribuição espacial e tamanho dos ambientes;

- Em todos os casos a habitação era própria;

- A tipologia familiar, em grande parte, era nuclear;


















- SALA : Assistir TV - Permanência de 5h a 7h por dia;








- QUARTO: Dormir / Vestir - Permanência até 1h por dia;



















- BANHEIRO : Higiene - Permanência de até 1h por dia;











- COZINHA : Cozinhar - Permanência de 1h a 3h por dia;










Entre as reclamações mais frequentes que encontramos, foram relativas a qualidade do piso (sempre haviam planos para trocas destes), o tamanho da sala, uma área de serviço muito pequena, substituída por uma lavadora de roupas e a necessidade de instalar um box no banheiro para o chuveiro.



Foto tirada pelo grupo


A vida dos moradores se da na sala, é onde comem e realizam atividades de lazer, que consistem basicamente em assistir TV ou algum filme, por meio de aparelho de DVD. Os quartos são usados apenas para dormir, e o banheiro, higiene pessoal. A cozinha só permite ser usada para o preparo de alimentos, e normalmente conta com pia, fogão e geladeira. Alguns possuem aparelho de micro ondas.




Conjunto Habitacional Jardim das Palmeiras - Uberlândia/MG. Fonte:
http://www.uberlandia.mg.gov.br/noticia.php?id=2064



Foto tirada pelo grupo


Quando questionávamos sobre a casa e a disposição dos cômodos, a maioria se mostrou satisfeito. Não compreendiam muito bem quando explicávamos sobre cômodos flexíveis, mas um morador se interessou bastante nas explicações dadas por mobílias multifuncionais, como camas escamoteáveis.
Concluímos que talvez por motivos pessoais e de necessidade, os moradores estejam sim satisfeitos com a residência que lhes é oferecida, mas talvez também porque não conhecem outras alternativas sobre outro tipo de divisão espacial. É importante que, além do trabalho arquitetônico, exista um trabalho social para explicar e conscientizar a população alvo sobre os novos tipos residenciais e as vantagens que estes podem oferecer à vida doméstica.




Foto tirada pelo grupo

O bairro não oferece nenhuma opção pública de lazer. Não existem praças, quadras, nem playgrounds na região. A única opção é um clube, no qual é necessário pagamento para frequentação. Graças a isso, algumas famílias não tem opção de lazer no bairro, pois preferem não pagar as mensalidades ou ações destes. Embora não abordado no questionário, todos os entrevistados gostariam que além de praças ou quadras públicas, uma escola e creche também fossem implantadas na região.


Acessibilidade. Fonte: http://pierojornalista.blogspot.com/2009/06/desabafo-de-um-jornalista-cadeirante.html

Em um dos questionários aplicados, nos deparamos com um morador, chefe de família, com limitações físicas e que vive entre as muletas e a cadeira de rodas. No programa da prefeitura os deficientes físicos em geral têm prioridade na distribuição das casas, porém, as necessidades especiais de nada surtem efeito quando se trata do projeto. A mesma tipologia de casa é entregue a uma pessoa sem deficiência e a uma com deficiência. Não há preocupação em relação à acessibilidade dos moradores.



Foto tirada pelo grupo


Os outros entrevistados, pessoas sem limitações físicas, reclamaram das dimensões da casa, dos cômodos como cozinha, lavanderia e banheiro, principalmente. Reclamaram na disposição dos móveis, porém, estavam satisfeitos com a iluminação e ventilação naturais do espaço. Nota-se que se trata de fato de casas dentro do sistema de repartição tripartidite com cômodos com sobreposição de funções.




Foto tirada pelo grupo

Se o mínimo é máximo para os minimalistas, esta regra não se aplica ao nosso caso de estudo. Apesar de os moradores reclamarem por mais espaço em suas casas, este não é o maior problema. O defeito está no projeto de má qualidade executado pela prefeitura, e assim é na maioria dos programas de casas de baixo custo voltados para uma população de baixa renda. Porém, com um mesmo orçamento, mas materiais diferentes e um projeto de qualidade, essas história mudará bastante, e para melhor.


GRUPO: Fabrício Caetano, Guilherme Cuoghi, Lucianne Casasanta, Nathália Rotelli